A história se repete no Beira-Rio

A história se repete no Beira-Rio

Fui surpreendido nesta semana, não pela indicação de Fernandão para ser o técnico do Internacional, mas pela preplexidade como o “meio do futebol” recebeu a “contratação” do ídolo colorado. E quando dizem que “o brasileiro tem memória curta”, estão dizendo a pura verdade. Algo parecido (guardadas as devidas proporções) aconteceu no próprio Internacional nos Anos 70. O então lateral Cláudio Duarte, sofrendo de uma série de lesões no joelho abreviou a carreira de jogador e assumiu como técnico do Inter. Os problemas ocorreram justamente no auge de sua forma física e técnica. Claudião era capitão do time, presidente do primeiro sindicato dos atletas profissionais do Rio Grande do Sul e estava praticamente convocado para a Seleção que iria disputar a Copa do Mundo de 1978 na Argentina. No final do ano de 1977, às vésperas da convocação para a Seleção, após duas cirurgias no joelho o departamento médico do Inter anunciou que Cláudio não teria mais chances de seguir no futebol. Em março de 1978, aos 26 anos de idade, Claudião trabalhava firme no departamento médico do Inter buscando ainda a recuperação de sua lesão. Foi quando o então presidente Marcelo Feijó e o vice de futebol Gilberto Medeiros pediram para ele assumir durante uma semana o cargo de treinador do Inter, enquanto procuravam substituto para o então técnico Carlos Gainete. Cláudio permaneceu durante quatro meses no cargo e foi o técnico mais jovem a dirigir o Inter. Se Fernandão vai dar certo ou não, não sei responder. Só sei que não é por nunca ter sido técnico que um ex-jogador, que está no futebol há muito tempo, não possa fazer um bom trabalho. Sou contra aquilo que intitulo de "Pré-conceito" (não confundir com preconceito), o "conceito antecipado". Quantos técnicos antigos, de longa carreira, fazem péssimos trabalhos (acho que nem preciso citar os nomes aqui). Precisamos renovar; não podemos ficar sempre nos mesmos nomes. E discordo de quem diz que "é preciso começar em clube pequeno, para ganhar experiência". É possível, sim, começar no topo. Um grande exemplo é Dunga. O capitão do Tetra iniciou a carreira como técnico da Seleção Brasileira e fez um belíssimo trabalho. Ou não? Dunga jamais havia comandado algum time e assumiu o principal cargo do futebol brasileiro. Também ouço, vejo e leio muitos comentários sobre "trairagem". Fernandão "puxou o tapete de Dorival". Sem defender Fernandão, pergunto: "Dorival não deveria ter sido demitido"? Então, encerro utilizando uma velha e conhecida frase: "Deixem o homem trabalhar" !!!